Verdade... (II)

Enquanto cá estivermos...

"(...) "nada está garantido" e que devemos "viver cada dia como se fosse o último", mas, caramba, isso é tão arriscado. Sei lá as parvoíces que faria. E os arrependimentos que isso me traria. Mas sei o que queres dizer, metáforas à parte, eu sei o que queres dizer. E sim, é por saber que não sabemos prazos, que não gosto de viver em banho-maria. Não gosto de viver devagar. Tenho fome de emoções, de gargalhadas, de sussurros que me encham o peito, de memórias, de beijos e de abraços. E de dizer sempre às minhas pessoas o quando gosto delas. Todos os dias. Quero que as minhas pessoas ouçam à despedida, o quanto gosto delas. Todos os dias, enquanto cá estivermos. 

E é por isso que a cama me ganha nas horas, eu gosto de viver. De fazer coisas. E é também por isso que não recuso dar a mão, o ombro, o que for preciso, a qualquer hora. Todos os dias enquanto cá estivermos. Quero coleccionar momentos, encher o coração e a memória deles. Todos os dias enquanto cá estivermos. E dançar, rodopiar, sorrir, partilhar momentos. No fim é tudo o que levamos. 
Ninguém leva o orgulho de ter sido a pessoa que passou mais horas no escritório, levam o peso da ausência que fizeram sentir. Ninguém leva o rótulo de melhor pai por ter sido demasiado rígido na educação de um filho, leva muitos beijos a menos, leva a expressão de tremor e olhos arregalados de uma criança, que teme a quem ama.  
Vamos viver, não, VIVER enquanto cá estivermos. De peito cheio, de coração quente. Ao som de gargalhadas e de suspiros arrancados do peito. E vamos dizer o quanto gostamos às nossas pessoas, todos os dias, enquanto cá estivermos.
É este o meu único plano, enquanto cá estiver."

Texto roubado da Pipoca dos Saltos Altos porque é isto exactamente que eu penso.
E é assim exactamente que quero viver.

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